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O escafandro e a borboleta

Postado por Mayara Silva sexta-feira, 17 de setembro de 2010



Como se sentir estando preso dentro de si mesmo?
       Incrível como temos necessidade de comunicação. A simplicidade de um gesto comunica. Palavras comunicam. Até um silêncio acompanhado de uma expressão facial comunica. Mas e se algo o privasse de poder usar artifícios gestuais, de poder pronunciar palavras, de ter alguma expressão?  Eu tentaria me comunicar de qualquer jeito. E foi exatamente isso que fez Bauby, com seu incrível meio de comunicação, chamado olho esquerdo. Imaginação, memória, espírito criativo e vontade de escrever sobre o cotidiano, permeiam a vida de um jornalista, e quando nada disso pode ser realizado, a metáfora ‘escafandro’ cabe como uma luva. Debater-se dentro de si, gritar, espernear e os outros só enxergarem o seu olho mexer, é assustador e nos faz refletir se estamos fazendo o possível para transmitir o que pensamos, ou o que desejamos que os outros saibam.
A capacidade de percepção, a paciência, e a sensibilidade mostradas pelo editor, trazem à tona os atributos para se tornar um bom jornalista, o que não acontece com muitos dos que hoje atuam nas redações de todos os lugares. Os olhos se tornaram a única janela que mantinham Bauby em contato com o mundo, e foram os olhos que o mantiveram vivo, pela capacidade que tinham de substituir qualquer palavra que pudesse ser dita.  Aprender a observar, notar, analisar, prestar atenção em todos os detalhes fazem parte da construção dessa profissão, e quem não conseguir perceber isso, poderá ficar preso dentro do escafandro, sem poder sequer encontrar um meio de dizer ao mundo que está aqui.


(Exercício sobre o filme “O escafandro e a borboleta”, desenvolvido para a matéria de Redação 3, sob orientação do prof. Guilherme Diefenthaeler.)

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